11 de janeiro de 2013

Morte do Cineasta Paulo Rocha



O cinesta português e antigo Adido Cultural na Embaixada de Portugal em Tóquio, Paulo Rocha, morreu no dia 29 de Dezembro de 2012, aos 77 anos de idade. 

"Cada um dos filmes de Paulo Rocha é um objecto singular", disse o realizador e professor de Cinema João Mário Grilo. "São grandes documentários da vida portuguesa". Com a morte de Paulo Rocha, e depois do desaparecimento de Fernando Lopes, perde-se mais uma das referências do Cinema Novo português. "É um momento muito triste para a cultura portuguesa e para o cinema português em particular", frisa João Mário Grilo, que considera que Paulo Rocha "foi o que melhor soube fazer a relação entre a poética do cinema e a poética do país", com uma visão artística que incluía a pulsão de "mudar o cinema para mudar o país". 

Na década de 1960 em que Rocha começou a filmar, diz Grilo, tanto Rocha quanto Fernando Lopes "usam a arte para interpelar a vida", tendo de "filmar contra a maré, fazendo literalmente das tripas coração, numa altura em que rebentam as novas vagas [cinematográficas]" em França ou em Itália. "Há uma conjuntura que o Paulo lê muito bem e incorpora-a. Cada um dos filmes do Paulo Rocha é um objecto singular em que há uma relação directa entre as personagens e a história - são grandes documentários da vida portuguesa."

Património para as novas gerações

Com uma carreira de 50 anos, Paulo Rocha frequentou o curso de Direito, mas iniciou-se no cinema em 1959, ano em que decide partir para Paris para estudar realização. Três anos depois conclui o curso e torna-se assistente de realização do cineasta francês Jean Renoir.

Logo depois volta a Portugal, onde trabalha como assistente de Manoel de Oliveira em Acto de Primavera, em 1963. Nesse ano, assina umas das mais importantes obras do cinema português, Os Verdes Anos. Com produção de António da Cunha Telles, é com esta primeira longa-metragem que se torna num dos nomes de referência do Cinema Novo. Protagonizado por Isabel Ruth, Rui Gomes, Ruy Furtado, Cândida Lacerda, Paulo Renato e Carlos José Teixeira, premiado no Festival de Locarno e no Festival de Acapulco, é um retrato da Lisboa em expansão dos anos 1960, do seu provincianismo e do sufoco de uma geração jovem. Esse património era intrínseco ao cinema de Pedro Costa, Teresa Villaverde ou Joaquim Sapinho tal como se mostraram ao mundo nas suas obras de estreia, respectivamente O Sangue, A Idade Maior ou Corte de Cabelo. E continua a ser uma referência afectiva no cinema de João Salaviza.

 Novamente ao lado de Cunha Telles, Paulo Rocha realiza em 1967 Mudar de Vida, filme que tem a emigração como tema de fundo. Rodado no Furadouro, nas proximidades de Ovar, Mudar de Vida conta a história de Adelino, um homem que combateu na Guerra Colonial em África e que regressa depois à sua terra e à comunidade piscatória de onde saíra.

Foi adido cultural na Embaixada de Portugal em Tóquio entre 1975 e 1983, onde estudou a vida e obra de Wenceslau de Moraes, o escritor português que em finais do século XIX partiu para o Oriente, tendo morrido no Japão em 1929. Paulo Rocha interessou-se tanto por Moraes que acabou por realizar dois filmes baseados na sua vida e obra: A Ilha dos Amores (1982), produzido com a cooperação da Etsuko Takano, actual Presidente da Sociedade Luso-Nipónica em Tóquio e da Iwanami Hall - sobre o choque entre os dois mundos e as duas culturas do Ocidente e do Oriente, película que integrou, em 1982, a selecção oficial do Festival de Cinema de Cannes;  e A Ilha de Moraes (1983). Este período marcou também as suas escolhas na abordagem ao cinema, com um forte pendor pela cinematografia nipónica. Ainda influenciados pela cultura nipónica, realizou: O Desejado – As Montanhas da Lua (1917), Portugaru SanO Senhor Portugal em Tokushima (1993), uma peça de teatro filmada, e Imamura, o Livre Pensador (1995).

No Japão, durante o "Festival de Cinema Português de 2010” co-organizado pela Embaixada de Portugal em Tóquio, Community Cinema Center e National Film Center, foram exibidos três filmes do Paulo Rocha: "Os Verdes Anos”, “Mudar a Vida” e “A Ilha dos Amores”.

パウロ・ローシャ監督死去

ポルトガルの映画監督であり在京ポルトガル大使館元文化担当官であったパウロ・ローシャ氏が20121229日にリスボン郊外の病院で亡くなった。享年77歳。5年ほど前に脳梗塞を患い闘病中であった。

日本・ポルトガル合作映画『恋の浮島』(1982)の監督、パウロ・ローシャ氏はポルトガルの新しい波「ノヴォ・シネマ」の旗手と目される。日ポ合作映画『アジアの瞳』のジョアン・マリオ・グリーロ監督は「作品の一本一本が傑作であり、ポルトガル人の人生を映し出すドキュメンタリーでもあった」と評し、その死を悼んだ。

パウロ・ローシャ監督は大学で法律を修めたのちに1959年映画の道に入る決意を固め、パリに渡り、パリの高等映画学院卒業後、ジャン・ルノワール監督に師事する。その後ポルトガルに戻り、マノエル・デ・オリヴェイラ監督の『春の劇』(1963)で助監督を務めた。その年、ポルトガル映画史に残る重要な作品『青い年』を発表、この処女長編でポルトガルのノヴォ・シネマを代表する監督となった。名優イザベル・ルト、ルイ・ゴメスなどが主役を演じ、リスボンに住む若者たちの息苦しさを描いた本作はロカルノやアカプルコの映画祭に出品され高い評価を得た。パウロ・ローシャ監督に影響された監督の名に、上述のジョアン・マリオ・グリーロ氏の他、ペドロ・コスタ氏、テレザ・ヴィラヴェルデ氏などの名が挙げられる。

1967年に『新しい人生』を発表。本作の主題の根底にはポルトガルの移民問題がある。主人公アデリーノはアフリカの独立戦争で兵役についた後、故郷の漁村に戻ってからの物語である。

ローシャ監督は1975年から1983年まで在京ポルトガル大使館の文化担当官を勤めた。19世紀末に来日し1929年に徳島で没したポルトガル人、ヴェンセスラウ・デ・モラエスに関心を持ち、その生涯と作品を研究した。その結果、岩波ホール総支配人であり日本ポルトガル協会会長である高野悦子氏との共同制作で『恋の浮島』を発表、カンヌ国際映画祭に出品した。日本映画にも強く影響を受け、その後も『月々の山 O Desejado – As Montanhas da Lua』、『ぽるとがるさん Porutugaru San – O Senhor Portugal em Tokushima』(1993)、1995年には今村昌平監督のドキュメンタリー『今村、自由な思索人 Imamura, o Livre Pensador』(1995)を制作した。

ポルトガル大使館、一般社団法人コミュニティシネマセンター、東京国立近代美術館フィルムセンター共同主催による「ポルトガル映画祭2010」ではパウロ・ローシャ監督の作品3本が上映された(http://jc3.jp/portugal2010/works_main.html)。