26 de dezembro de 2010

Exposição no Museu do Oriente, em Lisboa: ENCOMENDAS NAMBAN. OS PORTUGUESES NO JAPÃO DA IDADE MODERNA


ENCOMENDAS NAMBAN
ENCOMENDAS NAMBAN. OS PORTUGUESES NO JAPÃO DA IDADE MODERNA

É um título ambicioso o que foi escolhido para esta exposição. Duplamente ambicioso: porque a cultura material a que se reporta agrupa uma variedade apreciável de tipologias, formas e suportes, e porque aponta para um universo sobre o qual muito pouco se sabe: o da encomenda da arte namban no contexto da presença portuguesa no Japão desde a 2ª metade do século XVI até cerca de 1640.

As balizas cronológicas apontadas correspondem à da permanência dos Portugueses em território japonês: deca.1543, data do desembarque em Tanegashima, até 1639, ano do derradeiro édito de expulsão. Porém, e à semelhança da própria geografia que o fenómeno namban abarca, também elas estão longe de dever ser entendidas como barreiras estanques ou fronteiras temporais limitadas.

O projecto expositivo que se apresenta visa, pois, introduzir uma nova abordagem ou contextualização da arte nambannuma exposição que é constituída por quatro núcleos diferenciados compostos por um total de aproximadamente 60 peças provenientes de colecções públicas e privadas. A articulação dos quatro núcleos pretende enquadrar o fenómeno namban do ponto de vista da encomenda, dos circuitos existentes, dos mercados a que se destinava e dos agentes que lhe estiveram associados.

O 1º núcleo, intitulado A Arte da Guerra, é constituído exclusivamente por objectos relacionados com a arte da guerra, remetendo para o enquadramento político do Japão durante toda a segunda metade do século XVI e primeiros anos do século XVII, coincidente portanto com a chegada dos namban-jin. São peças que testemunham o contacto estabelecido entre a elite militar japonesa e os Portugueses, tanto mercadores como missionários, introduzindo desta forma a presença europeia no país nas suas duas principais vertentes: comércio e religião.

Com o 2º núcleo, Arte Kirishitan, procura-se chamar a atenção para a vertente cristã (kirishitan) da artenamban, através de um corpus de peças cuja encomenda está indissociavelmente ligada à presença das ordens religiosas no Japão, tendo cabido à Companhia de Jesus um papel preponderante.

O 3º núcleo, De Lisboa ao Japão, é central no discurso expositivo e visa estabelecer um contraponto entre as tipologias introduzidas pelos namban-jin no Japão, de origem europeia, e a decoração em laca japonesa, de acordo com o novo gosto introduzido pelos Portugueses.

Olhares sobre os Namban-jin é o título do 4º núcleo da exposição e aponta, desde logo, para o facto de serem raras, no âmbito da arte portuguesa, as representações dos Portugueses e da população luso-asiática em contexto ultramarino.

Piso 1, Ala Nascente, 17 Dezembro de 2010 a 31 Maio de 2011