29 de março de 2010

Fernão Mendes Pinto de volta à ‘Cidade de Deus'

A versão em japonês da exposição Fernão Mendes Pinto. Deslumbramentos do Olhar vai ser mostrada no Japão este ano, no âmbito das comemorações dos 150 anos da assinatura do Tratado de Paz, Amizade e Comércio, que em 1860 formalizou o estabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e aquele país do extremo oriente asiático.

A exposição, constituída por 24 painéis de média dimensão, foi concebida por Ana Paula Laborinho, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A investigadora, também Presidente do Instituto Camões, foi responsável pelo guião e pelos textos introdutórios aos vários cartazes e pela selecção das passagens inseridas da Peregrinação, a grande obra escrita pelo aventureiro e explorador português do século XVI, que relata a sua experiência no Oriente.

O tratado, que ainda hoje é o documento base vigente do relacionamento bilateral, «formalizou o ‘reencontro’ entre Portugal e o Japão depois de um século de profundas, ricas e expressivas relações diplomáticas, comerciais e culturais (de 1543 a 1639) e um hiato que se lhe seguiu de mais de dois séculos até 1860», segundo o sítio da Embaixada de Portugal no Japão.

Fernão Mendes Pinto.  Deslumbramentos do OlharEstá previsto que, depois da inauguração, em data ainda a definir, a exposição circule pelo Japão, uma vez que foi concebida de raiz para ser uma mostra destinada a itinerar pela rede de leitorados, centros de língua e centros culturais do IC no mundo, sendo para o efeito distribuída em suporte digital ou pela internet e depois localmente impressa e exibida. Para além do Japão, a África do Sul, a Alemanha, a Finlândia, a França, a Índia, a Itália, a Malásia e a Tailândia são países em que a exposição deverá ser mostrada. Será igualmente exibida no Oriente durante a 3ª viagem à volta do mundo do navio escola Sagres, da Marinha Portuguesa.

Fernão Mendes Pinto.  Deslumbramentos do OlharA tradução para japonês da exposição, cujas ilustrações estiveram a cargo de João Fazenda, coube a Takiko Okamura. Além do japonês, a exposição tem uma versão em inglês e será produzida noutras línguas, nomeadamente em chinês.

«Não há dúvida de que Fernão Mendes Pinto foi uma figura que teve muita importância» na ligação entre Portugal e o Japão, visto ter sido o explorador português o financiador ou um dos principais promotores da acção de evangelização no Japão de Francisco Xavier, que depois encontra quando ali se desloca numa missão que lhe é dada pelo governador de Goa.

O discurso expositivo assenta em cinco núcleos, o maior dos quais é o terceiro, centrado na própria Peregrinação. A foi sobretudo a de destacar a obra, porque é tão rica que «basta ler para percebermos muito do que se pretende», embora em muitos casos a curadora «também tenha usado como estratégia um pequeno título que serve como orientação de leitura para o excerto», que depois inclui, isto sem esquecer a inserção de «algum texto explicativo».

Um dos painéis da exposição é expressamente dedicado ao Japão, com o subtítulo A Cidade de Deus, porque para Fernão Mendes Pinto «o Japão é a Cidade de Deus».